tema base: Transição Planetária

Divaldo Franco – Manoel Philomeno de Miranda

 

  1. Obreiros da Vida Eterna

São chegados os tempos, dizem-nos de todas as partes, marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão dar para regeneração da humanidade.

 

As palavras precursoras de Allan Kardec, no capítulo final de A Gênese, notadamente no Brasil, têm oferecido espaço e importância crescentes à expressão “transição planetária”, assunto constante, praticamente inevitável, de diálogos, debates, palestras, estudos, atraindo a atenção, sincera e preocupada, da totalidade provável da humanidade encarnada que admite e corrobora os grandes fundamentos da doutrina consolidada por esse mestre insuperável.

O capítulo é nomeado pelo título do livro homônimo de André Luiz e determina, desde logo, a conduta esperada dos filhos amados do Pai Amantíssimo, especialmente em épocas que aparentam perigos mais avolumados à existência material e espiritual, imagináveis apenas pela mente enfraquecida dos que relevam a sensatez mínima e submergem nas dúvidas irrealistas. O trabalho que serve será sempre o caminho para elevação, comandará as ações da humanidade em sua escalada à perfeição possível, tendo a transição planetária como momento crítico e decisivo, galvanizador da verdadeira atividade enobrecedora.

Os irmãos de outras vertentes espiritualistas, ao menos as mais conhecidas nesta parte do mundo, esposam tradições, próxima ou vagamente similares, que advogam o advento de modificações expressivas nos rumos do ambiente material e espiritual do planeta, apesar de nem sempre se afastarem de enfoques místicos e misteriosos.

No Espiritismo, as informações tendem a ser mais extensas e claras, beneficiadas pela comunicação de espíritos luminares, transmissores de copioso ensinamento, matizado por consolação e esperança.

Nesse escopo, o livro Transição Planetária presta inestimável colaboração para a compreensão desta fase crucial de nosso mundo, evidenciando o amparo misericordioso da espiritualidade superior, auxílio vital aos seres encarnados sujeitos à debilitação moral, e mesmo física, ao ensejo de eventos e circunstâncias que lhe escapam ao entendimento imediato.

A obra, cuja primeira edição data de 2010, foi ditada por Manoel Philomeno de Miranda, cidadão baiano, desencarnado em 1942 em Salvador, somando quase 66 anos de vida terrena, revelando-se grande trabalhador do Espiritismo, doutrina que o cativou em 1914. Desde 1970, vale-se da mente brilhante e das mãos generosas de Divaldo Pereira Franco para a sua obra psicográfica, que já totaliza 17 livros publicados.

Por sua vez, o autor encarnado, também baiano, entrega-se ao estudo e à prática caridosa do Espiritismo desde a adolescência, fundando instituições para a educação de crianças desamparadas, contando-se mais de 600 delas já emancipadas e adultas. Em paralelo, acumula mais de 250 livros publicados, incluindo a parceria com o espírito já citado e também com Joanna de Ângelis. É considerado, com justiça, o maior orador espírita em atividade no planeta, missão que não se permite arrefecer, inobstante os seus 94 anos de vida.

O espírita sincero e interessado pode contar com a sabedoria e a generosidade genuína destes dois irmãos de tamanha magnitude espiritual para aprofundar o seu conhecimento pessoal sobre a transição planetária.

Este artigo procura seguir essa senda, norteada pelos ensinamentos insuperáveis deste par sublime, Divaldo e Philomeno, que dissemina sabedoria em termos simples e compreensíveis.

 

  1. A Transição Planetária

 

Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem espíritos bons, encarnados e desencarnados, que somente ao bem se dediquem.

 

Esta citação acha-se reproduzida, no livro base, em texto que antecede as palavras introdutórias do autor espiritual. Tem, pois, a mesma origem e autoria da primeira, revelando-se igualmente atemporal e precisa por 150 anos.

Entretanto, apesar de referências e comentários constantes e insistentes, o ambiente espírita terreno ainda não contempla o tema com um nível de compreensão tendente à unanimidade, mesmo contando-se com o amparo e o empenho de inúmeros espíritos amigos, sabedores do verdadeiro e extensivo significado da transição planetária.

Remanesce uma relativa desinformação sobre o enredo ora vivenciado pela humanidade, mesmo entre os adeptos da doutrina, que teriam menos motivos para acatar teorias catastrofistas ou conspiratórias que os irmãos sem acesso ou refratários ao conhecimento disseminado pelos preletores da vida maior.

Por isso, o melhor antídoto aos temores infundados, beirantes ao pânico, consiste na informação direta e peremptória. Ela principia afirmando que a transição planetária não se equipara a qualquer evento telúrico, capaz de alterar dramaticamente a situação geográfica e física do orbe, como vulcanismo, terremotos, tsunamis, inundações, secas, tempestades, desmoronamentos e tragédias do gênero, porém transcende o limite material por se tratar de uma etapa evolutiva, decisiva para a comunidade espiritual deste mundo.

Portanto, a Terra sobreviverá como o faz há 4,5 bilhões de anos, certamente por igual período à frente, orbitando o Sol sem abalos relevantes, a menos que essa estrela revele alguma surpresa inusitada e desagradável, possibilidade insustentável por tudo que se conhece do sistema solar. Na verdade, não se descartam eventuais fenômenos materiais, a que, ocasionalmente, se submete o globo, mas não superam o papel coadjuvante ao roteiro principal: a promoção moral dos espíritos, encarnados ou libertos, que se mostrarem preparados para acompanhar e suscitar a edificação da Terra, até agora um campo de provas e expiações, para uma seara de regeneração.

A grande transição afetará – e já atua assim – o espírito imortal, concedido à criatura divinamente emanada, que encontrará na Terra o cenário propício à continuidade de sua evolução a caminho da sublimidade perfeita, desde que detenha, ele próprio, os requisitos éticos e morais que lhe aufiram a postura interior de lídimo perseguidor do progresso único e imorredouro.

Ao espírita efetivamente interessado em avançar, cabe preocupar-se com a graduação meritória de si mesmo, apresentando o aperfeiçoamento necessário e bastante à existência em um mundo mais elevado espiritualmente que a trajetória terrena costumeira até esta época, sob o risco de exílio compulsório em localidade planetária afeita à sua condição moral insuficiente à conduta regeneradora.

Precisa afastar-se, ou entender corretamente em seu contexto, de mensagens, previsões e teorias delirantes ou de razoável realismo, que propugnaram, ao longo dos tempos, a eclosão de catástrofes devastadoras, ameaçando a vida material ou tornando inabitável a esfera condicionada por Jesus para o estabelecimento da humanidade que conduz há eras imemoriais.

Não há que sobrevalorizar a interpretação literal de afirmações amedrontadoras, como a frase de Marcos na Bíblia: Não sobrará pedra sobre pedra. Tampouco abalar-se com profecias difusas e repetitivas de interrupção dantesca da epopeia terrestre, que frequentam o imaginário inadvertido de tantos seres desinformados dos princípios e objetivos da vida emancipada no planeta Terra. Assim não procede o comportamento alarmista observado por vezes sem conta em função de notícias ou avaliações pessimistas, como se verificou nos tempos anteriores a 2012, quando se temia a concretização de acontecimentos supostamente previstos pelos maias; ou ao se superestimar a probabilidade de colisão com corpos celestes errantes, como asteroides e cometas, ou mesmo planetas inteiros, em órbita ignota em torno de nossa estrela central.

É inegável que tal evento não seria de modo algum inédito, uma vez que se situa comprovada a imensa extinção de flora e fauna causada por um invasor com dez quilômetros de extensão, há 65 milhões de anos. Entretanto, o habitante terreno, seja ele espírita, católico, muçulmano, ateu, deve confiar no estágio tecnológico merecidamente atingido pela humanidade, que a contempla com aceitável segurança para o prosseguimento de seus rumos terrenos, cumprindo concentrar a sua preocupação e principalmente o seu esforço na consecução do progresso que o Criador lhe oferece e espera em perfeita paciência.

 

  1. O livro

 

As criaturas que persistirem na acomodação perversa da indiferença pela dor do seu irmão não disporão de meios de permanecer na Terra, sendo exiladas para mundos inferiores.

 

Esta frase sintetiza o sentido das palavras do autor espiritual na introdução do livro que transmitiu ao mundo encarnado.

Sua obra roteiriza a atuação socorrista da espiritualidade nos graves acometimentos que infelicitam a existência na Terra, afetando drasticamente determinadas regiões ou mesmo toda área habitável, com sérios prejuízos à natureza, à economia e às demais atividades humanas, de que decorrem a perda de incontáveis vidas e a desarmonia, sob qualquer aspecto, de outras mais, cuja normalidade somente é resgatada a preço incalculável e prazo imprevisível.

Esse amparo misericordioso é permanente e ilimitado, sendo exemplarmente mostrado em várias expedições às áreas devastadas pelo tsunami de 2004, particularmente na ilha de Sumatra, na Indonésia, região mais próxima ao epicentro do terremoto causador de vagalhões de até 30 metros de altura que atingiram as áreas costeiras de 14 países, asiáticos e africanos, deixando 230 mil mortos, 125 mil feridos e 1,5 milhão de desabrigados.

A narração focaliza a multidão de espíritos desencarnados, grande parte em dementação na ignorância da própria morte física recente e abrupta, acrescendo, em alguns casos, a explicação da desdita como remissão de erros de encarnações anteriores. A justiça divina comparece também na preparação de casais selecionados, pelo merecimento, para o acolhimento de espíritos, devedores ou elevados, como filhos, recebendo a devida orientação em estado de desprendimento.

O texto conta também a atenção piedosa a espíritos mergulhados no vício e na abjeção, que tentam aproveitar-se perversamente dos fluidos vitais de irmãos indefesos, incluindo a visita piedosa a regiões tenebrosas sob domínio de falanges voltadas para o mal, tão organizadas e hierarquizadas quanto numerosas.

O auxílio incansável da espiritualidade contempla ainda a vinda de espíritos de inefável escol, que trazem a sua mensagem de incentivo ao trabalho desinteressado e incondicional, com o que avalizam a ventura de percorrer a infinitude da evolução.

Fica igualmente claro que a prática do bem não se submete à religião, filosofia ou cultura assumidas na vida material, porém se escora tão somente na sinceridade de princípios e no comportamento honesto e imparcial. Enfatiza, entretanto, que o acesso ao conhecimento sobre a vida verdadeira incrementa a responsabilidade individual sobre a própria conduta, condição típica dos espíritas.

Comprova-se grandiosa a perfeição da vontade do Criador, que jamais castiga seus filhos, mas oferece-lhes inumeráveis oportunidades de reerguimento, em todas as situações, até mesmo naquelas vinculadas a parcelas imensas de sofrimento.

 

  1. A matéria

 

A matéria é o laço que prende o espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.

 

A frase integra a resposta à questão 22 de O Livro dos Espíritos, situando a matéria como componente do universo, ao lado do espírito, que lhe sobrepuja os limites, subordinando-a a seus misteres. Ela obedece, pois, às leis imutáveis da criação, perfeitas e inderrogáveis sob divina promanação.

Tal hierarquia é observável em toda escala de grandeza, do cenário subatômico e quântico ao imensurável teatro galáctico, passando por processos complexos e abrangentes, como a transição planetária que prossegue felicitando a Terra há algum tempo. De caráter eminentemente espiritual, seus aspectos visíveis e sensíveis à humanidade encarnada não passam de reflexos terrenos dos sucessos ora verificados no mundo invisível.

Reconhecendo-se, portanto, que à espiritualidade assiste a possibilidade de atuação em fenômenos da matéria, torna-se razoável admitir que determinados eventos de grande extensão, terrestres, marítimos, atmosféricos, podem guardar correlação com os dramas de páramos além do orbe como consequência inevitável ou corolário automático, quiçá sintomáticos, porém não constituem, absolutamente, parte decisiva de tais eventos. Deste modo, carece de sensatez atribuir a uma tragédia terrena o patamar de indicador efetivo do andamento ou da concretização de um processo espiritual.

Ao valer-se do tsunami de 2004, o livro base deste artigo exibe o protagonismo dos espíritos no amparo aos flagelados e na mitigação de seus sofrimentos, mostrando também que a desencarnação coletiva dava ensejo à partida definitiva de seres arraigados no mal, direcionados ao exílio em planetas mais condizentes ao seu atraso moral, com o que propiciava a vinda de irmãos avançados em evolução, parte deles provenientes de mundos mais sublimes.

Pode-se afirmar, sem exagero, que os cataclismos telurianos não têm ocorrido, nem estariam multiplicando-se sob alguma influência da transição planetária, porque são devidos às condições físicas do planeta, que lhe oferecem condições favoráveis ou mesmo se fragiliza à eclosão de eventos rotineiros ou dantescos, por vezes potencializados pela incúria humana.

A Terra não desaparecerá, não se alterará a ponto de inviabilizar a continuidade da vida, mas persistirá em seu roteiro planetário habitual, conquanto sujeito a ocorrências ainda imprevisíveis à ciência atual. Se não subsiste motivação para o advento do umbral mais tenebroso, tampouco se edenizará, substituindo as vicissitudes e carências materiais por rios de mel e alimento abundante, que dispensariam o esforço laborioso.

A transformação contemplará os seus habitantes.

 

  1. O espírito

 

Os espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material.

 

A resposta à questão 79, de O Livro dos Espíritos, contém o trecho em epígrafe, claro e inquestionável quanto à origem e prevalência do espírito no conjunto do universo, na qualidade de único detentor da vida e capaz da emancipação que lhe concede a vontade própria, sempre respeitada.

Caberá sempre e unicamente ao exercício escrupuloso da habilidade decisória a condição de alavanca motivadora e motora da evolução do espírito, situando-se a transição planetária como o momento maior, quando a vida verdadeira escala novo patamar, superior, sublime e irreversível. Embora se trate de conquista individual do ser, mercê de seu esforço e persistência, o movimento ascendente é coletivo, consolidando a intenção edificadora de parcela expressiva da comunidade espiritual do globo, encarnada ou liberta, em volume suficiente para beneficiar a própria habitação material.

Nas lides espíritas, é cediço que a Terra, arena de provas e expiações, evoluirá ao nível de palco de regeneração, assertiva indiscutível, mas aperfeiçoável, porque o autêntico caminheiro dessa vereda luminosa é a criatura imortal e perfectível pela vontade do Pai Supremo. Alçando-se a degrau elevado de moralidade, o espírito passa a produzir energia mais elevada e a situar-se em psicosfera igualmente compatível, privilégio multiplicado pelo conjunto de seres habilitados ao mesmo progresso, a que não têm acesso aqueles que não compartilharem do mesmo esforço e denodo, retardatários infelizes ao chamado divino.

Incapacitados para a vivência em ambiente sublimado, conspurcável por sua mera presença, a tais irmãos, menos sensíveis ao soerguimento obrigatório, falece a condição de habitante de um mundo que lhe supera o patamar evolutivo, pelo que são piedosamente transferidos para orbes mais rudimentares, onde sobreviverão penosamente, submetidos à saudade, inconsciente, mas atuante, das facilidades antes usufruídas. Aprenderão, do modo mais difícil, a desvencilhar-se de erros e vícios recorrentes, que o degredaram por longo período, ao tempo em que poderão colaborar com o avanço material e intelectual de sua morada purgatória, pois o conhecimento adquirido em existências pregressas é imperdível e irrenunciável.

 

  1. A vida na Terra

 

Se você apagasse todos os erros do seu passado, apagaria também toda sabedoria do seu presente.

 

O ensinamento foi enunciado por Rafique Anuque, professor de Moçambique, com formação em geografia, turismo e pedagogia, detentor, portanto, de cultura suficiente para valorizar o aprendizado difícil e exigente de erros e acertos em infindável sucessão. O Espiritismo atesta a infinitude desse processo, que se prolonga por vidas incontáveis na matéria e nos interregnos espirituais.

Ao raciocínio incipiente e superficial, cingido à cena terrestre, esta afirmação soaria paradoxal, uma vez que o espírito encarnado se beneficia do esquecimento misericordioso de suas vidas anteriores, pois o ser humano dificilmente conseguiria conviver com os dramas que protagonizou em épocas e cenários diferenciados, quase sempre mais rudes e precários que a atualidade. Contudo, as aquisições morais e, infelizmente, também as perdas reiteram seus efeitos persistentes, moldando comportamentos e atitudes.

Por conseguinte, é certo que a futura criatura terrena, emancipada espiritualmente de mazelas que a estigmatizavam desde sempre, estagiará na matéria em situação amplamente favorável, substancialmente melhorada em relação àquelas até então experimentadas. A sobrevivência material estará facilitada, pois a alimentação não demandará o mesmo nível de esforço sacrificial ora verificado e a obtenção de benesses e vantagens não implicará a competição seletiva que historicamente se tem revelado inevitável e mesmo necessária.

Tal prognóstico não implicará, obrigatoriamente, alterações radicais na realidade física do planeta, que ainda terá direito a intermináveis órbitas com a colaboração de uma estrela central imutável por muitos milhões de anos. A natureza não dá saltos, obedece ao plano maior do universo, logo, um pequeno planeta dentre bilhões jamais seria uma exceção.

Na verdade, a morada terrena não sofrerá descontinuidade, mas o seu morador estará mais bem preparado para uma existência física menos atribulada, pois suas necessidades serão progressivamente atenuadas, menos exigentes em nutrição e proteção corporal, a exemplo do que previu o instrutor de André Luiz no livro Mensageiros da Luz, ao prenunciar que tempos virão para a humanidade terrestre em que o estábulo, como o lar, será também sagrado, antevendo a vindoura dispensa da proteína animal.

Tal sublimação energética é realista quando se observa que, hodiernamente, o corpo humano demanda alimentação bastante suavizada em relação à dos cavernícolas, que precisavam caçar e consumir grandes quantidades de carne.

A estrutura física do homem demandará cada vez menos recursos da natureza, pelo que o conforto material será alcançado com menos investimento pessoal, situação favorecida pelo avanço moral que reduzirá a ambição, o egoísmo e outros sentimentos menos nobres.

Será um processo paulatino, lento para os padrões humanos, que já começou, segundo os espíritos, e se estenderá pelo próximo milênio.

 

  1. A vida imortal

 

Escapamos da morte quantas vezes for preciso, mas da vida nunca nos livraremos.

 

Chico Xavier exercia, como poucos, a invencível sabedoria da simplicidade, como exibida nesta frase perfeita.

As intermitentes temporadas na matéria perderão, paulatinamente, a rudeza que tem caracterizado a aventura humana no planeta, possibilitando maior dedicação da criatura ao seu efetivo desenvolvimento moral e espiritual, de que advirá a menor dependência do aparelho carnal em processo de retroalimentação virtuosa.

A promoção da Terra ao mundo de regeneração terá efeitos cada vez mais sensíveis ao espírito à medida que ele próprio se entregar ao trabalho, longo e extenuante, de refazimento de si mesmo, para vislumbrar a promissora felicidade perfeita que o aguarda quando atingir o galardão merecido, usufruindo, para tanto, da paz e repouso relativos a que, até então, não tinha acesso, pois se achava submetido a provas e expiações indispensáveis ao seu estágio evolutivo.

Estará distante da estada em mundo feliz, mas sujeito ainda às sensações e aos desejos inerentes às leis da matéria, mas já isento das paixões desordenadas, típicas do orgulho, do egoísmo e do desamor. Persistirá, porém, a necessidade de evoluir profundamente em bondade e inteligência.

O expurgo de espíritos acomodados, ociosos, recalcitrantes no mal, liberará a psicosfera terrena de influências negativas, eivadas de sugestões e inspirações nefastas que, no mundo de provas e expiações, confundem e paralisam os seres de boa vontade, mesmo que interessados no progresso real e duradouro.

Extirpado, em definitivo, de vozes desviantes e sentimentos aviltantes, o ambiente planetário permitirá que o seu habitante se concentre unicamente no avanço ético e moral que o habilitará, desta feita, à ascensão para mundos realmente felizes, sem dispersão ou perda de energias e esforços para resistir às investidas da espiritualidade inferior, costumeiros em orbes atrasados.

Aumentará, destarte, a responsabilidade do espírito, vinculado ao mundo regenerativo, pela utilização acertada dos recursos de que disporá plenamente, sucumbida a eventualidade de alocar qualquer prejuízo a outros companheiros de jornada.

O livre-arbítrio contempla a criatura ao atingir o discernimento suficiente para a devida valoração da própria vontade soberana e será reconhecido como a divina alavanca para a excelsitude espiritual.

 

  1. E a vida continua

 

Víamos a Terra querida, envolta em luz azul, rodopiando no cosmo e avançando no rumo de planeta de regeneração.

 

Este artigo iniciou-se e agora finaliza-se com títulos ditados por André Luiz às mãos amorosas de Chico Xavier, sem nenhum acaso, pois este último, extraído da obra derradeira da série, fala por si mesmo.

A citação reproduz, com alguma simplificação, as palavras finais do livro Transição Planetária, enfatizando, com insuperável lhaneza, a significação crucial desse processo promocional para a humanidade terrícola, etapa importante para a imensa travessia do espírito desejoso de retornar à proximidade do Criador.

A obra constitui leitura obrigatória para conhecimento do tema, embora insuficiente para a compreensão mais profunda das implicações perseverantes na existência espiritual, pois o estudo das realidades da vida maior deve permanecer crescente, já que as fontes de sabedoria não faltam e não falham, oferecidas generosamente pelos mentores da humanidade em copiosa profusão de livros, mensagens e recomendações.

O mecanismo do progresso é infalível, conectando, tempestiva e precisamente, necessidades e méritos da vida universal, combinados, à perfeição, para oferecer sempre o de que cada ser carece para a remissão, lenta e inexorável, de seus débitos. O sofrimento purifica o irmão devedor e desperta a compaixão misericordiosa no próximo, promovendo a elevação de todos os envolvidos.

A transição planetária integra esse encadeamento sublime para o aperfeiçoamento do planeta, no qual se manterão os espíritos de avançada evolução, mas não se abandonarão os jubilados às searas mais selvagens, pois poderão exercitar conhecimentos e habilidades ainda faltantes aos habitantes originais de tais mundos; novamente, o benefício para todos.

O entendimento correto, extenso e abrangente da vigente fase de aceleração do avanço espiritual eliminará medos insensatos e fortalecerá a fé nos desígnios divinos, por vezes inefáveis à pequenez humana, porém sempre afirmativos reflexos da vontade do Pai Eterno.

As estrelas, planetas, os astros todos, alguns melhorados, outros incólumes, e assim os seus incontáveis habitantes sobreviverão, em obediência às leis da criação, que estabelecem métodos, objetivos e prazos que escapam aos constrangidos sentidos materiais, embora visem apenas a felicidade dos filhos do amor divino.

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